O cuidado com as plantações na Comunidade-Luz
O cuidado com as plantações na Comunidade-Luz
O Dia Internacional da Terra foi instaurado pelas Nações Unidas para criar uma consciência mundial sobre a preservação da biodiversidade e o do meio ambiente. Hoje em dia, um dos mais graves problemas ambientais é a exploração da terra por motivos econômicos, sem levar-se em conta a recuperação natural do solo e a manutenção da diversidade de espécies, causando desertificação e extinção em casos mais extremos.
As Comunidades-Luz têm, entre seus princípios, o cuidado com os Reinos da Natureza, bem como uma alimentação vegetariana; e têm um grande objetivo como desafio: a autossustentabilidade através de policulturas (diferentes cultivos no mesmo terreno), sem prejudicar o meio ambiente no processo.
A Comunidade-Luz Fraternidade de Aurora foi ampliando suas zonas de plantio nos últimos anos, mas ao mesmo tempo atravessava ciclos de alta e de baixa em relação à produção, devido à degradação do solo e ao período experimental de espécies que se adaptam melhor aos climas extremos da região do Uruguai em que está localizada. Para melhorar esta situação, foi elaborado um plano de ação: investir na correção do solo com adubação verde; diminuir a variedade de sementes, deixando as que mais sobrevivem ao tipo de clima e que mais se consome; e criando uma lista de prioridades para ter o foco, na época de semeadura, nas áreas adequadas para cada tipo de cultivo. O resultado levaria a um manejo de solo mais efetivo, respeitando a diversidade das espécies de cada zona.
Frei Akhbar, integrante do grupo de plantios da Comunidade-Luz, contou-nos sobre sua experiência: “O maior aprendizado é tentar trabalhar com menor quantidade, mas otimizar a qualidade. Acompanhar mais os cultivos, dar o melhor de si, porque no início tivemos muitos impulsos [de plantar] sem ter em conta a dimensão [do trabalho] para acompanhar todas as frentes, e esses fracassos nos ensinaram que a planta pode produzir dez vezes mais, se recebe os cuidados necessários.”
Enquanto isso, acontecia a implementação do sistema agroflorestal e a atualização do banco de sementes puras, como complemento ao projeto de autossustentabilidade. A agrofloresta é um sistema que está tendo grande repercussão por estar orientado a melhorar a produtividade da terra e, ao mesmo tempo, ser ecologicamente sustentável. Entre seus principais benefícios, pode-se enumerar: a proteção física do solo, os efeitos sobre o microclima, a reciclagem de nutrientes e a diversificação da produção, por meio da plantação de árvores e da distribuição de plantas de tal forma que criem uma cooperação entre si.
“O sistema agroflorestal é algo muito novo para nós, mas estamos tendo bastante cuidado com as árvores plantadas, com a fertilização e com o manejo das pragas de forma mais natural. Temos a intenção de cuidar bem das árvores para que elas sobrevivam aos invernos rigorosos da região” – relata frei Akhbar.
Todas as semanas são realizados mutirões, nos quais a Comunidade se reúne para desenvolver uma tarefa em comum. Quando os mutirões acontecem nos plantios, gera-se um agradável ambiente de cooperação e comunhão com os Reinos da Natureza. Ao entrar em contato com as sementes e o que elas geram como planta e fruto, a consciência desperta para a grande capacidade que tem o Reino Vegetal de dar a vida e prover alimentos quando recebe os cuidados necessários.
Frei Akhbar, com alegria, recorda o dia em que foi colhido o amendoim: “Havia muitas pessoas que normalmente não estão trabalhando conosco e me lembro que uma delas, quando pegou uma planta de amendoim com muitas vagens, disse com espanto: ‘Mas isso saiu de uma só semente?’ Como que não acreditavam que de uma sementinha se originam tantas vagens com tanto amendoim dentro”.
Ele termina refletindo: “É incrível que haja lugares onde as pessoas morrem de fome, sabendo a abundância que a terra pode gerar. A natureza nos dá tudo, e é importante poder perceber que vivemos e sobrevivemos por ela. É preciso dar a ela nossa gratidão, oferecendo espaços onde a vida possa prosperar de novo.”